sábado, 14 de agosto de 2010

Ozu musicado

Hoje tá fazendo frio, dia chuvoso, sabadão perfeito para ficar em casa, mas... vou ao CCBB assistir a uma sessão da mostra do Ozu com música ao vivo. Tenho a menooor idéia do que será isso, mas uma das características de minha personalidade que mais gosto é a curiosidade. Ela me move. Pruma porção de roubadas, é verdade, mas eu prefiro assim. O que seria do mundo sem a curiosidade humana? Não sei, mas eu seria bem menos interessante do que já sou. Então, lá vamos nós.

Para quem se arrisca como eu: hoje, dia 14 de agosto, às 17h, no Centro Cultural Banco do Brasil.

Antes do fim, uma correção: eu tô apaixonada pelo cinema do Ozu. Não que eu tenha visto muita coisa, pq não tive tempo, mas o que eu vi achei tão lindo, delicado e emocionante, que sairei debaixo de minha aconchegante coberta, de cima da minha de-li-ci-o-sa cama, para assistir a um filme mudo, narrado em Benshi, com música ao vivo. Wow! Corra o risco!

PELA PRIMEIRA VEZ NO RIO: FILME MUDO JAPONÊS COM NARRAÇÃO BENSHI E MÚSICA AO VIVO
SÁBADO, 14 de agosto, 17h30 e 20h, no CCBB

A mostra Emoção e Poesia: o cinema de Yasujiro Ozu promove no próximo sábado, 14 de agosto, pela primeira vez no Rio, uma exibição de filme mudo japonês com narração benshi e música ao vivo com instrumentos orientais tradicionais - okoto e shamisen. Na programação inicial haveria somente uma sessão, às 19h30, mas, devido à procura do público, o CCBB mudou o horário desta sessão para 20h e acrescentou uma nova exibição às 17h30.

O filme mudo CORAL DE TÓQUIO, de Yasujiro Ozu, realizado em 1931, terá narração benshi da especialista Angela Nagai, acompanhada dos músicos Felipe Fiani Veiga (okoto) e Tamie Kitahara (shamisen).

A palavra benshi deriva de ben (narração) e shi (mestre, samurai). Benshi, em japonês, é a denominação para os narradores de filmes mudos. Os benshis também eram conhecidos como katsuben - abreviação de katsudoo shashin benshi (narradores de imagens em ação).

No Japão, nas duas primeiras décadas após a chegada do cinema (final dos anos 1890) até 1937, o benshi era mais reverenciado do que as estrelas dos filmes, ainda mais porque o cinema não era considerado uma atividade superior a assistir uma apresentação Kabuki ou sair para beber. Ver apenas um filme não representava muito, o benshi é que era a atração principal. Os japoneses consideravam essencial que houvesse uma participação ao vivo para que a atividade fosse legitimada como artística.

O filme só começava após uma palestra do benshi, que introduzia a nova invenção, o cinema, fazia uma explicação sobre a história que seria projetada e depois a narração do filme (e a “tradução” quando a obra era estrangeira). Mesmo após a era dos filmes mudos, no final dos anos 1920, o benshi continuou sendo uma parte muito importante na exibição de filmes até 1937. Fora do Japão o espanto nem era tanto pela manutenção do benshi, e sim porque frequentemente estes narradores tinham liberdade de acrescentar sua própria interpretação e davam sua própria explicação para cenas não filmadas, seu entedimento sobre filme. Não necessariamente a versão pretendida pelo diretor.

Embora esta tradição não esteja mais tão presente, há ainda sessões com benshi em apresentação no Japão.

CORAL DE TÓQUIO
Tokyo no GASSHO / Tokyo Chorus
Japão, mudo, p&b, 90 min, 1931, livre
Para defender um colega recém demitido, o jovem pai de família Okajima decide enfrentar seu chefe, e acaba também sendo despedido. Em plena depressão, sua família agora precisa enfrentar as dificuldades de sua nova situação, até que surge uma oportunidade de emprego para Okajima em um restaurante de um velho amigo.
Direção Yasujiro Ozu
Argumento Komatsu Kitamura
Roteiro Kogo Noda
Fotografia e montagem Hideo Mohara
Elenco Tokihiko Okada, Emiko Yagumo, Hideo Sugawara

EMOÇÃO E POESIA: O CINEMA DE YASUJIRO OZU
www.ozu.com.br
Produção e Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Curadoria: Arndt Roskens e Tatiana Leite
bb.com.br/cultura

Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro
27de julho a 22 de agosto, de terça a domingo
Rua Primeiro de Março, 66 - Centro – (21) 3808 2007
Sala de Cinema 1 - Lotação: 102 lugares
Ingressos: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia)
CINEPASSE: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia), válido por 30 dias, para acesso às mostras de cinema (Cinemas 1 e 2), por meio de senhas, e à videoteca, por meio de agendamento. As senhas deverão ser retiradas 1h antes de cada sessão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário