Mais uma dica boa para quem passa por aqui.
A mostra começou ontem no CCBB/RJ, mas depois vai pra SP e Brasília também.
O Xiquinho e o Rafael vão amanhã (quinta 28) comigo na Roquette Pinto para falarem da mostra. Enquanto isso, dêem uma olhada nestas completas informações sobre o mestre Chris Marker.
Chris Marker, bricoleur MULTIMÍDIA
- inovador e misterioso realizador francês tem retrospectiva com 33 filmes, vídeos e programas de TV
A mostra começou ontem no CCBB/RJ, mas depois vai pra SP e Brasília também.
O Xiquinho e o Rafael vão amanhã (quinta 28) comigo na Roquette Pinto para falarem da mostra. Enquanto isso, dêem uma olhada nestas completas informações sobre o mestre Chris Marker.
Chris Marker, bricoleur MULTIMÍDIA
- inovador e misterioso realizador francês tem retrospectiva com 33 filmes, vídeos e programas de TV
- parte do Ano da França no Brasil
- Rio de Janeiro de 26/05 a 7/06
(Brasília de 16 a 28/06 e São Paulo de 24/06 a 5/07)
A mostra "Chris Marker, bricoleur multimídia" reúne pela primeira vez no Brasil 33 dos títulos mais significativos do realizador, incluindo filmes, vídeos e séries para TV – como a série “Falamos de...”, definida como “de contra-informação”, que em dois episódios focaliza o Brasil da ditadura militar, tratando de torturas e do militante Carlos Marighela.
A inédita retrospectiva vai exibir o curta “La Jetée” (curta-metragem que inspirou o longa “Os 12 Macacos”), documentários sobre cineastas como o japonês Akira Kurosawa e o soviético Andrei Tarkovsky, o filme “Sans Solei” - impressionante mistura de ficção e documentário para abordar a memória das imagens e das emoções entre outros. Abaixo lista completa.
Autor de obra influente, porém pouco exibida, Chris Marker estimula o mistério em torno de sua pessoa, não concedendo entrevistas nem se deixando fotografar. Quando lhe pedem uma fotografia, Marker oferece a fotografia de um gato ou o desenho de seu alter-ego, o gato Guillaume-en-Egypte (o nome do seu gato na vida real).
O evento também promove um debate sobre o diretor (dia 28 de maio) e publica um catálogo-livro com resenhas, ensaios e artigos de autores do Brasil e do exterior - incluindo textos inéditos -, além da filmografia comentada e uma entrevista com Marker. Entre outros nomes, assinam os textos Arlindo Machado, Consuelo Lins, Raymond Bellour, Michael Shamberg e Anatole Dauman.
Com patrocínio do Banco do Brasil, "Chris Marker, bricoleur multimídia" é uma realização do Centro Cultural Banco do Brasil. Parte das atividades do Ano da França no Brasil, o evento tem organização e curadoria de Rafael Sampaio e Francisco Cesar Filho e a produção é da Klaxon Cultura Audiovisual.
sobre Chris Marker e sua obra
A carreira de Chris Marker como cineasta foi alavancada em 1953, na co-direção com Alain Resnais do clássico curta-metragem “As Estátuas Também Morrem” (que será exibido na mostra em 35mm), um dos primeiros filmes anti-colonialistas e um ensaio agudo sobre a violência cultural exercida pelos brancos sobre a cultura africana.
O curta-metragem “La Jetée” (1962), obra-prima do cinema fantástico e o único filme de ficção do diretor, conta a história de uma experiência de viagem no tempo num futuro pós-nuclear. Construído por meio de uma fotomontagem a preto-e-branco acompanhada de narração e efeitos sonoros, este filme foi a inspiração que levou Mamoru Oshii a conceber “The Red Spectacles” (1987) e inspiração de Terry Gilliam para “Os 12 Macacos” (1995, com Bruce Willis e Brad Pitt).
Outro destaque é o vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim de melhor documentário “Descrição de Um Combate” (1960), analisa o Estado de Israel enquanto jovem nação que começava a construir o futuro. Já em “Descrição de Uma Memória” (2007), também incluído na programação, o diretor israelense Dan Geva investiga o processo e o legado do “Descrição de Um Combate”.
Marker é um dos responsáveis pelo “Longe do Vietnã” (1967), um ‘filme manifesto’ contra a guerra do Vietnã considerado como um dos projetos coletivos mais importantes da história do cinema e co-assinado por Jean-Luc Godard, Joris Ivens, William Klein, Claude Lelouch, Alain Resnais, Agnés Varda e Michele Ray.
Outro destaque é a série “Falamos de...”, realizada entre 1969 a 1973, quando o autor passou a dedicar-se à realização de uma série de documentários curtos de contra-informação. São cinco episódios: “Falamos de Praga: O Segundo Processo de Artur London” (personagem vitima do último grande julgamento stalinista no Leste Europeu e autor do livro que deu origem ao longa “A Confissão”, de Costa-Gravas), “Falamos do Brasil: Torturas (remontagem de entrevistas realizadas com um grupo de prisioneiros políticos brasileiros que relatam as torturas sofridas nas mãos da ditadura militar), “Falamos do Brasil: Carlos Marighela” (sobre o militante político Carlos Marighela), “Falamos de Paris: As Palavras têm um Sentido. Retrato de François Maspéro” (sobre o ativista e editor de obras de caráter político) e “Falamos do Chile: O que Allende Dizia” (remontagem de uma conversa entre Régis Debray e o presidente chileno Salvador Allende, originalmente filmada pelo cineasta Miguel Littin).
Com referências a Herman Melville e práticas da cultura japonesa, o curta “Viva a Baleia” (co-dirigido com Mario Ruspoli em 1972) é um elogio a esse animal e um alerta sobre sua desaparição iminente. A obra incorpora imagens do documentário antropológico de Mario Ruspoli filmado nos Açores, “Les hommes de la baleine”, de 1956.
Em 1982 Marker finalizou “Sem Sol”, alargando os limites do que era até a data o documentário. Trata-se de uma fusão entre imagens documentais e comentários filosóficos, compostos de forma ficcional, criando uma atmosfera de sonho e ficção científica. Os seus principais temas são o Japão, África, a memória e as viagens. Uma das sequências se passa em São Francisco (Califórnia) e contém várias referências a Alfred Hitchcock e ao seu filme “Um corpo que cai”. O programa exibido em "Chris Marker, bricoleur multimídia" inclui “Junkopia - San Francisco”, feito durante as filmagens de “Sem Sol”. Vencedor do prêmio César de melhor curta-metragem documental, nele obras de artistas desconhecidos que utilizam restos marítimos para fabricar estranhas esculturas criam uma impressionante colagem sonora.
Finalizado em 1985, “A.K. Retrato de Akira Kurosawa” acompanha a realização do filme “Ran”, no qual é apresentado detalhadamente o processo de trabalho do lendário diretor japonês. Mais do que um retrato de um cineasta trabalhando, a obra é uma homenagem e um diálogo com o cinema de Kurosawa, dividida em dez seções rotuladas com caligrafia japonesa.
Uma curiosidade da programação é “Le Bonheur”, produção russa de 1934 dirigida por Alexander Medevdkine, grande ídolo do Marker. O cineasta francês participou ativamente de restauração do filme em 1971, além de assinar a nova edição de som da obra. Já o “O Túmulo de Alexandre” (1993) é uma explícita homenagem de Marker a Medvedkine, em formato epistolar: são sete cartas a seu então recém-falecido amigo nas quais evoca sua obra, a história do cinema e da também recém-extinta União Soviética.
Depois de “Sem Sol”, o cineasta desenvolveu um profundo interesse na tecnologia digital, que o levou ao seu filme “Nível 5” (1996), protagonizado por uma mulher, um computador e um interlocutor invisível e a tarefa de acabar um videogame baseado na batalha de Okinawa.
“Recordações de um Porvir” (feito em 1993 em colaboração com Yannick Bellon) é composto exclusivamente de fotografias, neste caso para construir um novo retrato, o de Denise Bellon, que registrou os surrealistas, a África colonial francesa, os legionários em Magreb, as prostitutas na Finlândia e as esquecidas tentativas dos republicanos de retornar à Espanha de Franco.
Realizado em 1999 para a televisão, “Um Dia de Andrei Arsenevich” é um retrato do cineasta soviético Andrei Tarkovsky traçado conforme sua vida terminava e a batalha com a burocracia soviética. Marker acompanhou as rodagens de “Sacrifício” (em cuja montagem trabalhou até o final, especialmente neste último plano, “talvez o mais difícil da história do cinema”) e chegou a filmar Tarkovsky em seu leito de morte.
Recentemente, seu trabalho tem mostrado experimentações tecnológicas e instalações multimídia, transitando incessantemente entre a imagem e a escrita, a arte da montagem e a arte do comentário, revelando uma “inteligência verbal” e visual. Na programação estão vídeos do principal trabalho multimídia do diretor, a videoinstalação interativa "Zapping Zone" (apresentada por ocasião da exposição "Passages de l'image" no Centro Georges-Pompidou em Paris em 1990): “Um dia na vida de Andrei Arsenevich (Zona Tarkovsky)”, "Slon-Tango (Zona Bestiário)” e "20 Horas no Campo (Zona Bósnia)”,
Autor de obra influente, porém pouco exibida, Chris Marker estimula o mistério em torno de sua pessoa, não concedendo entrevistas nem se deixando fotografar. Quando lhe pedem uma fotografia, Marker oferece a fotografia de um gato ou o desenho de seu alter-ego, o gato Guillaume-en-Egypte (o nome do seu gato na vida real). Sua paixão pelos felinos o aproximou do grafiteiro Monsieur Chat, famoso pelo grafite de um gato sorridente que povoa os muros de Paris, símbolo de resistência e que pode ser conhecido em “Chats Perchés”, documentário de 2004 que constrói um afresco dos novos movimentos que agitam as ruas da capital francesa na onda dos acontecimentos políticos recentes.
Nascido em Neuilly-sur-Seine, em 1921, Chris Marker estudou Filosofia sob a tutela de Jean-Paul Sartre e integrou o movimento de Resistência na França durante a ocupação germânica. Trabalhou como jornalista, crítico de cinema e escritor, tornando-se mais tarde um dos mais importantes documentaristas de seu país. Viajou por muitos países socialistas e documentou em filmes e livros o que viu. Quando editor, foi responsável pela publicação de diversas obras na França, das quais destacam-se dois livros do brasileiro Paulo Emílio Sales Gomes, “Jean Vigo” e “Eisenstein”.
Serviço:
“Chris Marker, bricoleur multimídia"
CCBB Rio de Janeiro: de 26/05 a 07/06/2009
CCBB Brasília: de 16/06 a 28/06/2009
CCBB São Paulo: de 24/06 a 05/07/2009
classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos.
Patrocínio: BANCO DO BRASIL
Realização: CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
Organização e Curadoria: FRANCISCO CESAR FILHO E RAFAEL SAMPAIO
Produção: KLAXON CULTURA AUDIOVISUAL
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
Rua Primeiro de Março, 66 - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20010-000
Funcionamento: De terça-feira a domingo das 10h às 21h.
Informações pelo telefone (21) 3808-2020
Ingressos: Sala de CINEMA: R$6,00 meia R$3,00
www.bb.com/br
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