terça-feira, 12 de abril de 2011

Parceria universitária

Vcs não sabem, mas abandonei o bloco do eu sozinha.
Em tempos de rede, viva o cardume!

Pedi ajuda aos universitários e estou agora com dois estagiários no time. Uhu!
Para começar, um texto de um deles, Cíntia Brand, sobre a última entrevista do CINEMA EM SINTONIA, com Alfeu França e Giselle Macedo sobre o ator Jece Valadão.

O programa está no ar com texto do outro parceiro, Miguel Coral: http://cinemaemsintonia.podomatic.com/

Ouça CINEMA EM SINTONIA, o programa que traz o cinema brasileiro até vc.
Agora com mais cabeças pensantes.
Todas as quartas, às 20h, na Roquette Pinto, 94,1FM.





Ele nasceu em Murundu, no Estado do Rio, mas cresceu em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, terra natal do cantor Roberto Carlos e do cronista Rubem Braga. Ao invés da música ou da escrita, Jece Valadão escolheu o próprio caminho. No cinema, ele alcançou os 'conterrâneos' em notoriedade com um motivo bastante peculiar: a construção do cafajeste no cinema nacional. Com muitos filmes, meia dúzia de mulheres e alguns tantos filhos, Jece Valadão morreu no dia 27 de novembro de 2006, aos 76 anos, vítima de arritmia cardíaca em conseqüência de problemas renais. No final da vida, se tornou evangélico e dizia que as pornochanchadas que tinha feito eram, na verdade, contos eróticos. Em 2005 publicou uma autobiografia, "Memórias de um Cafajeste". Sexual ou sensual, Jece Valadão foi - e ainda é - a personificação do machão para o cinema brasileiro

E a vida de Jece Valadão, além do rótulo de machão, foi tema do programa que foi ao ar na última quinta-feira, dia 07 de abril, no Cinema em Sintonia, pela Rádio Roquette Pinto 94,1 FM. Os curadores da mostra “As muitas faces de um cafajeste – Jece Valadão e os filmes da Magnus”, na Caixa Cultural Rio de Janeiro, no Centro da Cidade, Alfeu França e Giselle Macedo revelaram curiosidades sobre a trajetória do Jece empresário, produtor e vanguardista que, há 50 anos, começava a rodar o sucesso de bilheteria "Os Cafajestes", estrelado e produzido por ele e dirigido por Ruy Guerra. O longa, com apenas quatro personagens e muitas cenas polêmicas, foi a estreia da Magnus Filmes, empresa que produziu mais de 30 filmes. 18 dessas produções foram tema da mostra “As muitas faces de um cafajeste – Jece Valadão e os filmes da Magnus”.

A exposição terminou domingo, dia 10 de abril, porém, aqui no blog, você continua em sintonia e confere mais sobre a trajetória de um dos atores que mais apostou na indústria audiovisual do país. Com mais de 100 filmes, seja atuando, produzindo ou dirigindo, a trajetória de Jece Valadão é também parte da história da produção audiovisual brasileira.

Curiosamente, o desejo de organizar a exposição sobre Jece Valadão e a Magnus Filmes surgiu a partir de uma pesquisa de Giselle Macedo e Alfeu França sobre cartazes e filmes de pornochanchadas. "Ao mergulhar no universo gráfico dos filmes brasileiros, nos deparamos com o acervo de Jece Valadão, que para mim reúne os melhores cartazes do cinema nacional", revelou Giselle. Para ela, 'Boca de Ouro', especialmente, é um dos cartazes mais importantes da indústria do cinema.


A produção é anterior à Magnus Filmes, porém, um marco da carreira de Jece Valdão. O longa de narra a história de um bicheiro assassinado, e a tentativa de um repórter em relatar a vida dele a partir do depoimento de uma de suas amantes. As lendas sobre o bicheiro, dentre outras coisas, revelavam que ele usava uma dentadura de ouro, e que estava preparando um caixão mortuário com o mesmo valioso metal. Um filme de 1963, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, com roteiro baseado em peça teatral de Nelson Rodrigues e com a luxuosa assistência de direção de Jece Valadão, um então jovem entusiasta da sétima arte.

Apesar de não ser uma produção da Magnus, Boca de Ouro dá início a série de apostas e parcerias do empresário Jece Valadão em um cinema brasileiro para o público brasileiro. Nadando contra a corrente dos filmes que ele julgava 'existencialistas' e 'artesanais' e criticando as ideias de Glauber Rocha, da clássica frase 'uma câmera na mão e uma ideia na cabeça', Jece leva para as telas Nelson Rodrigues e Plínio Marcos. De Plínio Marcos, Alfeu França, curador da mostra, destacou as produções "Dois Perdidos Numa Noite Suja" e "Navalha na Carne". Essa última, inclusive, fez parte da seleção em cartaz na mostra “As muitas faces de um cafajeste – Jece Valadão e os filmes da Magnus”.

Do drama ao policial, passando pela Jovem Guarda, tendo inclusive filmado com Jerry Adriani, o Jece Valadão empresário não investiu em apenas um gênero, apesar da construção do personagem único, o cafajeste. Ele apostou na diversividade para atingir o maior público possível e, para Alfeu, por isso mesmo a Magnus Filmes conquistou sucesso. "Jece tinha visão de que o cinema era para o público e assim conseguiu manter o sucesso dele e da produtora por mais de 20 anos, sobretudo no momento político em que o país enfrentava. Várias vezes ele tinha que ir à Brasília discutir sobre cortes em filmes por conta da censura. Figura expansiva, Jece sempre conquistou seu espaço", revelou.

E por falar em ditadura, o filme "Eu matei Lúcio Flávio" foi um dos destaques do programa Cinema em Sintonia sobre Jece Valadão. O trailler ilustrou a entrevista e mostrou a pluralidade do artista.


Plural, mas pra sempre 'O Machão'

O rótulo de machão, criado por ele mesmo, fez de Jece Valadão um artista que apesar de ter visão plural, ser sempre o mesmo personagem. Não que ele fosse sempre o mesmo cafajeste, porém, sempre o durão. Na única vez em que encarou o papel de bonzinho, em Obsessão, com roteiro de Janete Clair e dirigido por ele mesmo, o píblico rejeitou o bom mocismo de Jece. Para Alfeu, ele cumpria o papel do valentão na grande tela como ninguém. "O cinema brasileiro nunca teve uma figura tão expressiva para encarnar o 'valentão' até Jece aparecer. E ele encarnou o personagem muito bem", sintetizou.

E se você quer saber mais sobre Jece Valadão e conferir esse bate-papo com Alceu França e Giselle Macedo, acesse a edição do programa CINEMA EM SINTONIA!

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